quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Spin e horizontalidade

A gente quer ter voz ativa: a horizontalidade nos processos comunicacionais
por Prof. Adilson Cabral
Coordenador do Informativo Eletrônico SETE PONTOS

Aprender com a história, comemorando erros e avaliando acertos, é sempre uma atitude bastante necessária e que revela humildade e consciência por parte de seus sujeitos. Fazer valer a comunicação democrática como direito humano é um processo que requer a compreensão de pessoas, grupos, organizações e movimentos numa causa que demanda práticas para além de reivindicações. E é o que buscamos evidenciar em textos anteriores, abordando valores como a participação, a pluralidade e a interatividade, inerentes a uma apropriação social das TICs capaz de promover uma efetiva comunicação democrática em nossa sociedade.


A horizontalidade está relacionada com o compromisso mútuo de equivalência entre todas as partes envolvidas em processos sociais, que não se dá apenas na interatividade, abordada na edição anterior, mas no entendimento de que nossa identidade comum demanda uma solidariedade e uma ajuda mútua, frutos de uma prática que se pretende horizontal.

Somos capazes de aprender e ensinar, também de construir juntos atividades de modo compartilhado, nos quais cada qual contribui com seus aprendizados e aprende na troca com seus semelhantes, compreendendo a dimensão da importância de cada elemento no todo, para que um processo coletivo se construa de modo exitoso.
Alguns ensinamentos mais recentes



Assim aprendemos que precisamos cada vez mais, em tempos de convergência e digitalização dos meios de comunicação, contar com interfaces mais bem estabelecidas entre técnicos e ativistas políticos, possibilitando a construção de alternativas viáveis do ponto de vista tecnológico a partir de pressupostos políticos de interesse da sociedade. É preciso buscar também outras interfaces entre a academia - a partir da produção de conhecimento engajado e aplicável às populações mais necessitadas - e as organizações dos movimentos sociais, cujo engajamento carece de estratégias mais bem estruturadas e do apoio qualificado e disposto dos estudantes universitários e docentes.


Muito perdemos pela ausência dessa articulação e muito também por achar que isolados poderíamos ir mais longe. Se estamos todos no mesmo barco não existe caminho solitário que não seja o de pular na água e não ter apoio. Muito mais difícil chegar onde se deseja. A horizontalidade pressupõe o reconhecimento da equivalência entre os atores sociais num determinado contexto ou de sua busca através de recursos e vivências capaz de tornar mais fortes as relações. Torna-se uma demanda cada vez maior em relação aos futuros desafios para possibilitar melhores condições em processos e práticas mais democráticas, sejam estes na gestão e produção de meios alternativos/comunitários ou mesmo na regulação e acesso aos meios corporativos.
Pensar e agir contemplando a horizontalidade é, em última análise, conceber usuários de comunicação capazes de construir conhecimento, exercer e promover o exercício da cidadania através de sua relação com a comunicação. Mais que botões, códigos e tecnologia, diz respeito à formulação de políticas e práticas que intensifiquem tal perspectiva, para a melhoria de todas as práticas sociais e da própria efetivação dos demais direitos humanos fundamentais.